Hoje, 24 de maio, é o Dia Nacional da Pessoa com Esquizofrenia, doença mental grave que afeta a maneira como um indivíduo pensa, sente e se comporta. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam a esquizofrenia como a terceira causa de perda da qualidade de vida entre os 15 e 44 anos de idade. A doença é cercada de estigmas, infelizmente. Mas não podemos cruzar os braços diante dessa realidade. Quem sofre e não é tratado sente que perdeu contato com a realidade e tende a se isolar. Na esquizofrenia, existe uma dissociação entre o real e o imaginário. A pessoa tem alucinações, sobre as quais afirma ser algo real (percepção de ouvir vozes, ter visões e sensações que não são compartilhadas por quem está ao lado). Os sintomas e a evolução variam de uma pessoa para outra. Em comum é que, com tratamento, ela alcança sua independência para seguir o seu dia a dia. As causas são ainda desconhecidas, mas estima-se que a pessoa tenha uma predisposição genética.
Para ajudar a esclarecer dúvidas a respeito dessa doença, chegou às livrarias mais uma edição de Entre a Razão e a Ilusão, Desmistificando a Esquizofrenia, da editora GRUA Livros, que faz um convite ao leitor para um entendimento próprio sobre a jornada da pessoa e convivência com essa condição ao longo da vida. Jorge Cândido de Assis, um dos autores do livro, teve o diagnóstico na década de 80. Para ele, o livro pode ajudar muitas pessoas, sobretudo, para uma palavra de esperança, que é possível na vida de quem tem a doença. Jorge chegou a ficar internado por um mês quando teve uma crise. A doença não o impediu de seguir suas atividades, como cursar universidade, mas lembra que o estigma é doloroso. “Você não existe socialmente. Quando você está em esquizofrenia, as pessoas se afastam. Se você tem dificuldade, as pessoas te rotulam”, diz. Jorge faz tratamento regularmente. A última crise da doença ocorreu há 11 anos.
Rodrigo Bressan, médico psiquiatra e professor da Unifesp, também autor do livro, aponta que o estigma se impõe como uma enorme barreira para o tratamento. E um momento de crise da doença é apontado pelas pessoas como loucura. Daí vem a necessidade de desmitificar a doença. “A definição de loucura está em oposição à sensatez. A loucura existe, mas num espaço de tempo. Na vida de alguém com esquizofrenia que convive há 40 anos com a doença, isso corresponde a 3 ou 4 meses. Isso não define a vida de uma pessoa, mas por conta desse momento, o paciente é definido como maluco”, comenta o psiquiatra.
Além da importância da adesão ao tratamento, Bressan destaca a questão do acesso a serviços e a alguns tipos de medicamentos. “Em todo lugar do mundo com saúde de excelência existem serviços para o primeiro episódio psicótico. Isso é algo bem estabelecido, testado economicamente. Estados Unidos ficaram atrasados 20 anos, mas investiram no serviço. O Brasil já sabe disso faz tempo, mas os únicos serviços estão nas universidades, mas, no máximo, em quatro em todo o país. Isso tinha que ser política pública”, pontua o psiquiatra. “É possível ter esperança, uma esperança realista. Cada dia, cada semana tentamos melhorar”, diz Jorge, ao falar sobre o propósito do livro em diminuir sofrimento e estigma dos pacientes. “A esquizofrenia não é uma coisa, como um livro ou um caderno, que nós lemos ou escrevemos, é uma forma de estar no mundo”, afirma Jorge, que hoje se dedica a levar conhecimento sobre a doença, a fim de ajudar pacientes e familiares. Veja
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