Os últimos avanços em próteses de membros superiores e inferiores estão entre as novidades que serão apresentadas na Hospitalar, feira que acontece até a próxima sexta-feira, 26, na cidade de São Paulo. Uma das inovações nessa área será exibida pela alemã Ottobock, empresa com mais de cem anos de atuação no mercado de próteses, órteses e mobility e que terá três novidades: uma prótese para membros superiores e duas para membros inferiores.
A empresa está no mercado brasileiro desde a década de 1970 e entre as novidades na feira traz a Bebionic Facelift, uma prótese multiarticulada que está em uso desde março pelo biólogo Sérgio Romaniuc Neto, de 60 anos. Ele utiliza equipamentos no lugar dos dois braços após ter sofrido um acidente com fiação elétrica ocorrido em 1989. “Nesses 34 anos percebo que a tecnologia para membros superiores melhorou cada vez mais e aprimora a qualidade de vida. Hoje em dia pegar um copo com uso de uma prótese é muito mais fácil do que quando comecei a utilizar esses equipamentos. É semelhante ao que vemos na evolução dos telefones, por exemplo, cada vez mais tecnológicos e com funções que facilitam a comunicação”, afirma.
Acidente e mudança de vida
Em setembro de 1989, em um trabalho de campo em que precisava coletar amostras de plantas, Romaniuc encostou por acidente em um fio de 13 mil volts que estava escondido, de forma irregular, atrás de uma árvore. O acidente pelo qual passou o biólogo é mais comum entre homens. A faixa etária dos 21 aos 50 anos corresponde por 69,8% dos casos de pessoas eletrocutadas no Brasil em 2022, segundo anuário da Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade. Ele ficou em coma por dois meses no Hospital de Clínicas em São Paulo com prognósticos preocupantes. Porém, se recuperou e saiu do coma, mas precisou amputar os braços, que foram queimados com o choque. “Dois meses depois eu já fazia as fisioterapias e no terceiro mês eu estava com próteses. Isso me ajudou na recuperação e adaptação”, comenta.
A nova tecnologia utilizada pelo biólogo é um “equipamento biônico multiarticulado que possibilita ativação mais simplificada dos movimentos, é menos trabalhosa, mais harmônica e com menos esforço”, conforme explica Romaniuc. Feita com material resistente nas pontas dos dedos, o que garante durabilidade, possibilita 14 posições de pinças com os dedos, para várias atividades. A tecnologia também traz três versões de articulação do punho, o que significa uso versátil e adaptado ao nível de amputação. “O equipamento fica ligado ao meu músculo, que transfere o movimento para a tecnologia. A prótese possui inteligência artificial que entende os estímulos musculares”, diz.
Outros avanços na área
Além da prótese de membros superiores, a Ottobock também exibirá a prótese de um joelho cuja primeira versão foi criada em 1997. Trata-se do C-Leg 4 Update, uma versão aprimorada da tecnologia que já foi utilizada por mais de 100 mil pessoas desde seu lançamento. A nova versão permite mais confiabilidade, conforto e estabilidade ao trazer maior suporte quando o usuário se senta, além de caminhada mais segura para trás. Com tecnologia Bluetooth, o protesista pode fazer programação no equipamento e o paciente acessa funções do joelho por aplicativo e consegue adaptá-las às suas necessidades. Tem ainda uma unidade hidráulica que garante mais resistência no movimento de flexão e extensão.
O joelho é um dos equipamentos utilizados pelo paratleta paranaense Vinícius Rodrigues, 28 anos, em sua rotina. O velocista usa a prótese para seus treinamentos em busca de resultados de campeão. Isso porque ele se prepara este ano para o Campeonato Mundial de Atletismo, que será realizado em setembro em Budapeste, na Hungria, e para os Jogos ParaPan-Americanos, em novembro na cidade de Santiago, capital do Chile. “Essas tecnologias como a do joelho C-Leg 4 ajudam muito na qualidade do movimento e na segurança dos meus treinamentos”, afirma.
Além do C-Leg Update, a Ottobock também terá como novidade o Pé Sach, que compõe a linha de produtos Polior. Com estrutura de plástico, a prótese foi testada em dois milhões de ciclos para comprovar sua durabilidade. A tecnologia tem formato natural e possui superfície lisa. É um produto resistente à água e que permite maior facilidade na limpeza.
Fonte: Saúde Digital News