Ao contrário do que se costuma associar, a Esclerose Múltipla não é uma doença mental. Esclerose, como patologia, significa cicatriz.
A Esclerose Múltipla (EM) recebe esse nome porque promove múltiplas cicatrizes ao sistema nervoso central, como o cérebro e a medula espinhal.
Dessa forma, a doença causa lesões na bainha de mielina, que é como se fosse uma capa que recobre os neurônios. Toda vez que ocorre uma lesão, consequentemente tem-se uma cicatriz. Ao longo do tempo, múltiplas cicatrizes.
Isso acontece por uma falha do sistema imunológico, de forma que o próprio organismo ataque o sistema nervoso central.
Por isso, a Esclerose Múltipla é considerada uma doença neurológica, crônica e autoimune.
Geralmente, as pessoas se referem a essa doença de maneira genérica. Entretanto, ela pode ser dividida em três tipos diferentes:
1 – Esclerose Múltipla Remitente-Recorrente (EMRR) ou Surto Remissão: Se caracteriza pela ocorrência de surtos súbitos, com posterior melhora total ou parcial. Destaca-se que esse é o tipo mais comum de Esclerose Múltipla.
2 – Esclerose Múltipla Primária Progressiva (EMPP):Não apresenta surtos. O paciente, porém, desenvolve sintomas, que são acumulados ao progressivamente.
3 – Esclerose Múltipla Secundária Progressiva (EMSP): É como se fosse uma variação entre as duas formas citadas anteriormente. Se caracteriza por um início com surtos e recuperações. Após algum tempo de evolução da doença, ela se torna progressiva, acumulando sequelas – sem, necessariamente, apresentar quadros de surtos.
Primeiramente, é importante ter em mente que a EM não é contagiosa e não necessita de prevenção.
Entretanto, a doença é considerada complexa, uma vez que a carga genética envolvida para desencadeá-la não é uniforme.
Apesar disso, existem alguns fatores genéticos e externos relacionados ao seu surgimento, como:
Além disso, a doença também apresenta um padrão quanto a faixa etária e ao sexo, de forma que apresente as primeiras manifestações entre os 20 e os 40 anos, majoritariamente em mulheres.
Segundo a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM), ela acomete aproximadamente 35 mil brasileiros.
Uma das principais características da Esclerose Múltipla é a imprevisibilidade dos surtos. No início os surtos ocorrem de maneira esporádica com sintomas como desequilíbrio, dificuldades para caminhar ou problemas de visão.
Muitas das vezes, os surtos apresentam sintomas diferentes, uma vez que acometem partes distintas do sistema nervoso. Em sua forma remitente-recorrente, a posterior melhora espontânea ajuda para que o paciente não dê a importância necessária aos primeiros sinais da doença.
De maneira geral, os principais sintomas são:
Em caso de sintomas, procure um médico. O diagnóstico da doença é bastante clínico, mas também inclui exames de imagem para confirmar a suspeita.
É importante diagnosticar a Esclerose Múltipla ainda em sua fase inicial, uma vez que o tratamento pode tornar o avanço da doença mais lento, e conferir ao paciente maior qualidade de vida.
Infelizmente ainda não há cura para a EM. Ao mesmo tempo, a evolução da doença é muito variável e imprevisível de acordo com cada pessoa.
Entretanto, segundo o Dr. Michael Levin, para o Manual MSD:
“ Cerca de 75% das pessoas com esclerose múltipla nunca necessitam de uma cadeira de rodas e cerca de 40% não tem necessidade de interromper as suas atividades normais.
A menos que a doença seja muito grave, o tempo de vida geralmente não é afetado.”
Normalmente, o tratamento se baseia em abreviar a fase aguda através do uso de cortisonas. Eles funcionam reduzindo as inflamações causadas no sistema nervoso, reduzindo a intensidade dos surtos.
Além disso, o outro foco é a prevenção de crise para espaçar o quanto possível o período entre os surtos. Para tanto, são prescritos imunossupressores e imunomoduladores.
Indica-se, ainda, a prática regular de exercícios físicos para fortalecer a musculatura, juntamente com o acompanhamento de um fsioterapeuta para auxiliar na questão motora.
A Ottobock conta com uma equipe multidisciplinar, com fsioterapeutas especializados para atuar na fase de reabilitação do indivíduo, que atuam para conferir mais autonomia e qualidade de vida ao paciente.
Com o tratamento ideal, o indivíduo pode ter uma rotina ativa.
Segundo Bruna Rocha, portadora de Esclerose Múltipla há mais de 15 anos, em seu blog:
“A cada novo surto sinto como se fosse um novo diagnóstico. A cada novo sintoma é uma nova doença que tenho que me habituar. E cada dia que passa, cada conquista que tenho, é uma vitória imensa. A EM faz parte de tudo o que eu sou, mas ela não é, de forma alguma, a parte mais importante de mim”.